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Pobreza não causa crime.

A pobreza é usada como justificativa que isenta o bandido de responsabilidade. Vejam essa declaração do "sociólogo" Ignácio Cano, no jornal O Globo:

“A baixa escolaridade e as poucas opções no mercado formal acabam levando esses jovens para o tráfico”
Essa afirmação é absurda e imoral. Milhares de jovens sofrem da mesma baixa escolaridade e enfrentam as mesmas poucas opções e jamais cometeram crime algum. O que leva um jovem para o tráfico é sua decisão de entrar para o tráfico e ganhar muito dinheiro.
Vamos ouvir o psiquiatra forense americano Stanton Samenow:

“O crime não está limitado a qualquer grupo econômico, étnico, racial ou demográfico. A maioria das pessoas pobres não é criminosa, e muitas pessoas ricas são".
"Estatísticas do Departamento de Justiça dos EUA revelam que em 2010 os roubos cometidos por estudantes vindos de famílias com rendas maiores que 75 mil dólares eram três vezes mais numerosos q os roubos cometidos por estudantes cujas famílias ganhavam menos que 15 mil dólares”.
As ideias perversas de pessoas como o senhor Ignácio Cano nos tornaram o país da Bandidolatria: a prática corrente no ambiente intelectual, artístico e jurídico-penal brasileiro, de transformar o criminoso em uma vítima da qual não se poderia exigir comportamento diferente.
A verdadeira vítima – aquela que foi violentada, espancada ou morta – é transformada no “imperdoável beneficiário e coautor da desigualdade social que produz o crime”, conforme explica Percival Puggina.
Uma nação inteira foi convencida pelos ideólogos de que o criminoso é uma vítima da sociedade. A mídia e os formadores de opinião são obcecados com a violência policial e completamente cegos para a violência dos criminosos.
Os ideólogos chegaram ao ponto de nos forçar a usar um novo vocabulário, carregado de hipocrisia.

Certa vez eu conversava com o então Comandante da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul (Brigada Militar é como se chama a Polícia Militar de lá), quando ele me disse:
Na sua tropa não se dizia mais “bandido”; o termo usado era indivíduo em situação de risco social. O mesmo Comandante me disse que, na sua opinião, a função da polícia não era prender criminosos, mas mediar conflitos.
Essa doença contaminou a sociedade inteira: no Rio de Janeiro, por exemplo, não existem mais mendigos ou moradores de rua: viraram, todos, "pessoas em situação de rua".
A modificação da linguagem é sempre na direção de aliviar ou isentar totalmente o indivíduo de qualquer responsabilidade. É tudo culpa da sociedade.
O criminoso com menos de 18 anos era um bandido, pivete ou trombadinha; depois se tornou, por força de lei, adolescente infrator, e hoje é um "adolescente em conflito com a lei".
Ele não pode ser preso, ele só pode ser apreendido, e não cumpre pena, fica "internado para o cumprimento de medidas socioeducativas".
Os criminosos que cumprem pena em cadeias eram chamados de presos ou detentos; depois se transformaram em "apenados"; e agora, pela obra e graça das ONGs e dos ideólogos da segurança, são "pessoas privadas de liberdade".
Só um país que acredita que o criminoso é uma vítima criaria o "auxílio-reclusão" - ou bolsa-penitenciário - que paga mais de 1.000 reais por mês ao condenado enquanto ele está preso.
Pense bem no que isso significa: a família de uma vítima que foi assassinada ajuda, com seus impostos, a sustentar a família do assassino.

Sempre começo minhas apresentações contando as histórias de vítimas. Frequentemente recebo comentários de críticos. Um deles disse:
"Gostaria de entender o que levou você a colocar todos os slides impactantes logo no início? Qual a intenção? E qual o resultado? Para mim aquelas imagens ficam dominando por muito tempo mesmo durante a apresentação das suas propostas".

Eu respondi:
Começo as minhas palestras contando as histórias de vítimas de crimes, porque quando discutimos segurança pública não estamos falando sobre conceitos etéreos, mas sobre histórias reais de pessoas que foram vítimas de violência e brutalidade sem fim.
Quando falamos de prisões, é muito fácil ter piedade dos criminosos presos, mas ninguém se lembra de suas vítimas, do que elas sofreram e da perda sofrida por seus familiares.
Falar das vítimas causa extremo desconforto nas pessoas.

Não existe discussão sobre segurança pública sem falar das vítimas.
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