Em julho de 1938, o cônsul do Brasil em Budapeste, Mário Silva, enviou ao ministro das Relações Ext, Oswaldo Aranha, uma circular secreta em que informava ter recusado a concessão de vistos a 47 pessoas "declaradamente de origem semita" (judeus) que buscavam migrar para o Brasil. 
Eles tentavam fugir enquanto o governo húngaro, aliado dos nazistas, começavam uma série de políticas antissemitas - que 6 anos depois, culminariam com o envio de 500 mil judeus húngaros para campos de extermínio.
O cônsul já havia se posicionado contra a entrada de judeus no BR.
O cônsul já havia se posicionado contra a entrada de judeus no BR.
as recusas de visto a judeus seguiam ordens do alto escalão do governo. A partir de 1937, o Ministério das Relações Exteriores emitiu ao menos 26 circulares secretas impondo barreiras à entrada do grupo, considerado indesejável para a formação étnica do povo brasileiro numa época
em que o Brasil estimulava a migração de europeus brancos e cristãos. Restrições semelhantes foram impostas a estrangeiros negros e asiáticos.
Houve ainda judeus que chegaram ao país graças a diplomatas que se recusaram a cumprir as ordens restritivas. Um deles foi Luiz Dantas (centro na foto), embaixador do Brasil na França entre 1922/43, que concedeu centenas de vistos a judeus sem informar ao governo a origem étnica.
Uma das famílias salvas por Dantas foi a da pintora tcheca Lise Forell, que em 1940 embarcou no navio Alsina rumo ao Brasil com os pais, avós maternos e um tio. Forell teve uma carreira de sucesso no Brasil, expondo obras no Museu de Arte de São Paulo (Masp) e em várias galerias.
Por causa da insubordinação de Dantas, Vargas instaurou um processo admin contra o embaixador, que passou 14 meses detido na Alemanha após tropas nazistas invadirem a embaixada BR, em 1942. Em 2003, ele foi reconhecido como um Justo entre as Nações pelo Yad Vashem em Jerusalém.
