Thread by @lucasradaelli

Eu estava tomando banho bem tranquilo quando transformei minha vida em uma cena de jogos mortais em um segundo. Derrubei um Gilete no chão do banheiro. Caiu longe de onde eu estava então ia ter que procurar.

A primeira coisa que eu fiz foi enrolar uma toalha no meu pé pra caso pisasse não dar merda.
Pisei.

O Gilete quebrou, e eu ouvi as duas partes voando mais longe ainda no banheiro.

Normalmente quando algo cai no chão, eu consigo saber bem onde caiu só pelo som. Quando eu era criança, me passavam exatamente esse tipo de estimulação nos centros de apoio pra cegos.

A gente derrubava coisas e tentava achar. O Lucas de 6 anos gostava. O Lucas de 28 estava odiando.

Achei apenas uma parte. Aparentemente essa minha skill tem o que melhorar pra encontrar múltiplos objetos que caem ao mesmo tempo, mas continuemos.

Então tive uma ideia. Pegar um aspirador, botar uma meia no bocal do aspirador, de modo que quando eu aspirasse o banheiro inteiro, ia ficar na meia. Não só isso, tudo o que fosse pego na meia eu poderia checar com as mãos e ter certeza que de fato a lâmina estaria lá.

Porque claro, eu só tinha achado a parte inofensiva. Quem é o gênio agora?

Eu não sou o gênio. Só tive a ideia no dia seguinte. No dia eu saí do banheiro, fechei a porta como se fosse a área 51 e disse pro meu roommate Marcelo:

- Você quer me levar pro hospital ou me emprestar seus olhos por uns 30 segundos?
Ele achou. Joguei a lâmina fora.

Fiquei pensando como eu sempre faço. Quando alguém me ajuda, fico depois refletindo como poderia ter feito aquilo sozinho. Muita coisa dá, outras não. Quem não precisa de ajuda as vezes?

Imaginar como resolver um problema quando não podemos contar com nenhuma ajuda é sempre um desafio interessante. Acho que torna a gente mais independente.

Obrigado, Marcelo.
Magáiver quæ sera tamen. Ou, bem próximo no bom e velho português:
Aqui é Magáiver, ainda que tardio.