Nesse fio, busco responder 1 das questões q me tem sido feitas c/ + frequência ultimamente: como funciona a seleção do candidato a VICE-PRESIDENTE nos 🇺🇸? O processo de primárias q estamos vendo serve para selecionar quem será o candidato a presidente pelo partido. E o vice?🧶👇
Inicialmente, a constituição dos EUA dizia que o vice-presidente seria o 2º colocado nas eleições no colégio eleitoral. Péssima ideia, mas assim foi nas primeiras eleições. Claro q muitas vezes (ou sempre) isso significava q presidente e vice eram adversários políticos
Para ter uma ideia: imagine um governo com Trump na presidência e Hillary vice. Dá para ter uma noção da confusão. Foi uma ideia horrível q acabou indo parar na constituição
Em 1796, por exemplo, John Adams foi eleito presidente e o 2º colocado, seu arqui-rival Thomas Jefferson, ficou como vice. Os problemas desse sistema ficaram tão óbvios que foi necessário mudar a constituição 
E assim foi feito, com a 12ª emenda, ratificada já em 1804. A emenda basicamente diz q o colégio eleitoral deve votar separadamente para presidente e vice. E assim tem sido desde então.
Dessa forma, os partidos começaram a pensar estrategicamente sobre quem iria compor a vice-presidência em uma chapa eleitoral. Por exemplo, incluindo candidatos de diferentes regiões. Essa escolha era feita pelas cúpulas dos partidos
Lembrando q durante muito tempo o processo de primárias como o conhecemos agora não existia. Os candidatos - a presidente e a vice - eram simplesmente selecionados pelos dirigentes partidários
Isso significava q muitas vezes presidente e vice não tinham uma relação próxima. Em 1904, por exemplo, o partido Republicano escolheu o senador Charles Fairbanks, de Indiana, para compor a chapa com Ted Roosevelt, de NY. Eles eram 2 personalidades mto diferentes
Roosevelt nunca se deu bem com Fairbanks e o vice-presidente acabou escanteado. Quando Roosevelt saiu da presidência, Fairbanks concorreu à nomeação pelo partido. Roosevelt foi contra seu próprio vice e apoiou outro candidato, William Howard Taft, q acabou nomeado
Outro exemplo clássico de relações complicadas entre presidente e vice era a relação entre John Kennedy e Lyndon Johnson, q acabou assumindo após a morte de Kennedy. Há um episódio na série "The Crown", em q Johnson aparece, q explora um pouco essa questão
Com o moderno sistema de primárias abertas, instituído nos anos 1970, a elite dos partidos foi gradualmente perdendo poder e a escolha do vice-presidente passou a ser praticamente uma escolha pessoal do candidato
O primeiro moderno vice-presidente nesse sentido é Walter Mondale, vice de Carter, e escolhido pelo próprio em 1976. Ambos desenvolveram uma relação bastante próxima e permaneceram amigos até hoje
Mesmo com essa proximidade pessoal entre presidente e vice, ainda havia uma preocupação de equilibrar a chapa. Carter era do sul dos EUA, e Mondale do meio-oeste. Carter era mais conservador, Mondale mais liberal.
Essa preocupação em equilibrar a chapa foi demolida com Bill Clinton em 1992. Todos esperavam q ele escolhesse o governador de NY, Mario Cuomo, q chegou a ser favorito para as primárias daquele ano, mas q acabou nem concorrendo
Mas Clinton supreeendeu ao escolher Al Gore como vice. Ambos eram jovens de Estados vizinhos no sul dos EUA e de uma ala mais conservadora do Partido Democrata
Desde então, a noção de q o vice-presidente deve representar um equilíbrio geográfico/ideológico ao presidente tem perdido força para a ideia de q o vice deve ser um parceiro, muitas vezes para compensar uma percebida falta de experiência do candidato a presidente.
Por exemplo, em 2000, Bush escolheu Dick Cheney, q estava afastado da política, para ser seu vice. Em 2008, Obama foi com o experiente Joe Biden, do pequeno Estado de Delaware.
Outra questão importante: QUANDO os vice-presidentes são selecionados? Normalmente, bem para frente, próximo à data de convenção do partido. Em 2008, Obama e McCain anunciaram seus vices 2 dias antes da convenção. Em 2016, Hillary e Trump anunciaram 3 dias antes
No atual ciclo de primárias temos um porém. A disputa está fragmentada. São grandes as chances de q nenhum candidato obtenha a maioria absoluta dos delegados na convenção. Isso abre possibilidades de negociação. E nesse balaio pode entrar a vice-presidência. Veremos.
Ah sim, dado q os Democratas estão perto de indicar um octagenário como candidato à presidência, a escolha do vice ganha ainda mais importância
