Thread by @peambrosi

Vamos lá.

Por que precisamos do isolamento social e por que ele provavelmente é a nossa única chance no combate à COVID-19, a thread:

A SITUAÇÃO: O número de casos explodiu em diversos países. Ao contrário de outras várias epidemias, o vírus atinge tanto países ricos como pobres. Os pobres, no entanto, parecem demorar mais a serem afetados. O gráfico mostra a evolução dos casos - excluindo a China - até 18/03 +

As regiões mais pobres estão menos conectadas ao resto do mundo do que países desenvolvidos, possuem menor eficácia em identificar a incidência do vírus e geralmente tem clima quente e úmido - atrasando a propagação. No entanto, é improvável que esses países sejam intocáveis. +

OPÇÃO 1 - Não fazer nada

O gráfico mostra uma simulação com nenhum controle social realizado. A taxa de mortalidade é de 4% devido ao colapso do sistema de saúde, e a taxa de hospitalização é de 14% devido aos casos críticos (a OMS prevê que a taxa seria de 20%). Mortos: >10mi +

Mesmo diminuindo a taxa de doentes para 25% (excluindo casos assintomáticos) e a taxa de mortalidade para 0.6%, o número de mortos ainda é alto: 500 mil pessoas.

Mas por que a mortalidade não seria de apenas 0,6% se essa é a característica do vírus?

Chama-se DANO COLATERAL. +

Com uma enorme quantidade de pessoas se contaminando, uma enorme quantidade de pessoas necessita ser internada, gerando um colapso: a capacidade de atendimento torna-se insuficiente. É simples, repare no gráfico: a linha vermelha é a capacidade, e a área azul pacientes de UTI. +

Com o colapso, não morreriam apenas pessoas por coronavírus. Ex: o que acontece em um ataque cardíaco onde a ambulância demora 50 min (devido a muitos casos de coronavírus), e ao chegar, não existem equipamentos nem médicos disponíveis? Morte. A razão de números tão expressivos +

PRECISAMOS AGIR. Isso é evidente.

OPÇÃO 2 - mitigação

Basicamente, consiste em permitir que o vírus se espalhe, tentando apenas reduzir o pico de infecções, para facilitar a atuação dos sistemas de saúde. Pensa-se no princípio da imunidade de grupo. É uma boa? +

O gráfico mostra diferentes intervenções, desde o "não fazer nada", até medidas drásticas, como a quarentena e distanciamento social. A linha vermelha novamente é a capacidade do sistema de saúde. Perceba que, em todos os casos, o número de pacientes supera a capacidade. +

Além de por si só a mitigação não solucionar o problema da superlotação hospitalar, a imunidade de grupo - onde todas as pessoas infectadas tornam-se imunes, pode falhar. O vírus pode sofrer mutações. Na verdade, já sofreu.

E continua mutando. +

Vírus baseados em RNA como o coronavírus tendem a sofrer mutações 100x mais rápido que os baseados em DNA — ainda que o coronavírus sofra mutações mais lentas que os vírus de gripes comuns. Perceba o gráfico, ilustrado em cores, mostrando diferentes cepas espalhadas pelo mundo +

OPÇÃO 3 - supressão

Essa estratégia também não tenta conter a epidemia - isso é praticamente impossível. No entanto, implica em medidas pesadas de maneira rápida e direta: distanciamento social, isolamento e quarentena. Após um período, permite o retorno gradual das liberdades +

Simulando o mesmo gráfico da OPÇÃO 1, com os mesmos parâmetros, reduzindo apenas a taxa de transmissão, e taxa de mortalidade de 0.6% (já que não há colapso), percebe-se que após a primeira curva ter acabado, as mortes estão calculadas nos milhares, e não nos milhões +

No entanto, há o temor de que com a supressão, estaríamos apenas adiando o pico de infecções. Quando voltassemos ao normal, o contato aumentaria e consequentemente todos seriam infectados ao mesmo tempo, exatamente o que estamos evitando agora.

E pq não seria assim? TEMPO. +

O tempo, em uma pandemia, tem um valor incalculável. No momento, não conhecemos tão bem o vírus, não temos estrutura suficiente, nossos profissionais carecem de capacitação e o desenvolvimento de tratamentos e - principalmente - vacinas leva tempo.

O que o tempo pode nos dar? +

Diminuição dos casos.

O epicentro da COVID-19, após um tempo de supressão efetiva registrou ZERO novos casos em uma região de mais de 60 milhões de habitantes. Perceba, no gráfico, que após o lockdown, apenas 12 dias foram necessários para o início da descida da curva. +

Com a diminuição dos casos, o que acontece:
- alívio do sistema de saúde e recursos humanos
- redução da taxa de mortalidade
- redução do dano colateral
- permite que profissionais da saúde infectados sejam isolados, curados e voltem ao trabalho +

Monitoriamento.

Em apenas algumas semanas, pode-se produzir testes suficientes para uma grande parte da população, testando não apenas casos graves, mas também suspeitos. É simples: se soubermos onde o vírus está, também saberemos aonde agir. +

Capacidade de construção.

Temos máscaras suficientes? Respiradores? Óculos? Leitos? Não.

E esses materiais não dependem de anos de investimento para serem suficientes. Semanas, apenas, separam o total despreparo do hoje, do preparo de amanhã.
serranossa.com.br/noticia/saude/… +

Entender o vírus.

O mundo está finalmente unido contra um inimigo comum. Pesquisadores ao redor do mundo estão se mobilizando para entender melhor o vírus. As crescentes publicações sobre ele, como mostra o gráfico, ajudarão em todos os níveis, desde a prevenção, até a vacina. +

Produção de vacinas.

A imunidade que o mundo precisa. Com uma vacina, de forma semelhante à vacina da gripe comum, até mesmo pessoas nunca expostas ao vírus se tornariam imunes, reduzindo a "ratio" de contágio e, em pouco tempo, reduzindo os casos a números aceitáveis. +

E DEPOIS?

Mesmo após o período inicial de supressão, com o número de casos reduzidos, nossa vida talvez não volte totalmente ao normal. Será feito um esforço a longo prazo para manter o vírus contido até que exista uma vacina. Um período de observação constante. +

É a chamada "dança" do gráfico. Testes, monitorização, pequenas restrições, isolamento e quarentenas eficientes (objetivando manter a "ratio" abaixo de 1). Essas são as medidas para manter o vírus em níveis controláveis, possibilitando a atuação do sistema de saúde. Temos tempo +

As opções são claras.

Os países podem lutar. Podem fechar tudo durante algumas semanas para comprar tempo, criar um plano de educação e controlar o vírus até termos uma vacina.

Ou podem não fazer isso. +

As informações não são de minha autoria e foram retiradas dos dois artigos abaixo. Tentei colocá-las nessa thread de um jeito fácil de ser compreendido.

medium.com/@tomaspueyo/co…
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