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Ale Santos @Savagefiction
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Imagine sua última visão da liberdade, o ar fresco que tomaria na sua terra, no solo dos seus ancestrais e de sua família. Essa visão aterradora de uma tragédia histórica se iniciou no Reino de Whydah ou Ouidah, atual Benin e você conhecerá alguns fatos importantes nessa Thread
Whydah era formada por um dos povos Akan que floresceram utilizando seus inimigos em trabalhos forçados. A prática era comum mas a dimensão era impensavelmente inferior ao que estava para acontecer nos 16 quilômetros de costa que mantinha
Whydah era o principal comércio de escravos na época, pequenas aldeias do interior da África eram aprisionadas para trabalhar. Não demorou para os Europeus enxergarem uma oportunidade. Em 1708 holandeses, britânicos, franceses e portugueses cercavam as muralhas do palácio.
Eles estavam no reino desde o final de 1600, porém só construíram fortificações e um entreposto comercial depois de 1700.
Todo o comércio da região era bastante promissor, praticavam agricultura de forma extensiva e o comércio interno era tão altamente desenvolvido que o mercado popular em Whydah era frequentemente maiores do que muitas megacidades atuais como Amsterdã
Haffon, o último rei de Whydah recebeu dois navios e um trono extravagante da França, enquanto da companhia britânica recebeu uma coroa. Presentes para adular e aumentar sua presença na região, todos construíram fortes para manter mercadorias e escravos até embarcarem.
O rei tinha um status de imortalidade, ele tinha chegado ao trono aos 14 anos de idade. Sua coroação compreendia uma Procissão que inclui grupos de soldados, vários tipos de músicos, esposas do rei, sacerdotes como ilustrado em 1725 pelo Frances Jean Baptiste Labat
O comércio de escravos com os Europeus se tornou muito lucrativo, e vários líderes, proprietários de terras e conselheiros do rei foram corrompidos, vislumbrando possibilidades de assumir o controle de todas as vendas. O reino enfraqueceu e foi consumido por conflitos
EM 1727 o Rei Agaja de Dahomey (Daomé) estava rapidamente incorporando armas ocidentais ao seu exército,através do escambo com os Europeus. Muitos historiadores defendem seu interesse econômico e na proteção do próprio reino como motivação para sua movimentação.
Era um grande líder militar que cresceu no meio de vários conflitos que surgiram entre os Akan. Com tantos prisioneiros e mais terras para ocupar ele encontrou na venda dos escravos uma forma poderosa de obter mais recursos bélicos e sobrepor seus oponentes.
Antes de atacar Whydah, Agaja conseguiu o controle de Allada, outro reino/cidade costeira de grande importância para o comércio escravagista.
Para tomar Whydah conspirou com sua filha, uma das esposas de Haffon (ela jogou água na pólvora de todos canhões) e enviou mensagens para os europeus não tomarem partido, pois teriam benefícios após a batalha. Mais de 9 mil pessoas foram aprisionadas nessa batalha
Após derrubar Haffon e conquistar Whydah, a população passou de 10.000 para quase 30.000 no mesmo período - a maior parte de Africanos e o reino se tornou o segundo maior exportador de escravos, muitos deles para o Brasil.
Um rei que chega ao poder através da intriga, teme que possa ser destituído pelas mesmas armas, por isso Agaja era implacável, promovia punições para manter sua imagem e estimular o medo nos seus inimigos. A sociedade de Daomé era estritamente militar e visava a expansão, sempre.
Enquanto a europa abastecia seus navios negreiros, o reino de Daomé se preocupava com a guerra contra Oyo. Um conflito que durou gerações, o comércio de escravos se intensificou após a morte de Agaja.
O famoso Trono de Daomé, que queimou no incêndio do Museu Nacional no Rio de Janeiro pertenceu ao rei Adandozan, que mantinha grandes relações e trocava correspondências com reis como os de Portugal, enviando o trono em 1811.
É muito difícil dissociar toda narrativa de Ouidah e Daomé com o tráfico de escravos, ambos se alimentaram um do outro como uma simbiose que foi favorável para o surgimento dos personagens envolvidos. Outros reinos africanos não conseguiram tamanho poder durante este período
Quando os britânicos começaram a impor restrições no tráfico Daomé começou a se enfraquecer até ser tomada pelo império Francês. Hoje no porto em que escravos partiam para o desalento, existe um monumento, o Portal do Não Retorno onde celebra a maior festa anual do Vodun
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