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Thread: Melhores Capas de Álbuns Brasileiros

e como elas foram feitas

Secos e Molhados, 1973

A foto foi feita por Antonio Carlos Rodrigues, e trazia os 3 membros da banda (+1 baterista que saiu) com as cabeças servidas em bandejas, ao lado de produtos de secos e molhados.

A capa também introduziu a famosa maquiagem, marca registrada do grupo.

"Ficamos lá na madrugada inteira, sentados em cima de tijolos. Comprei os mantimentos no supermercado, a toalha foi improvisada com um plástico qualquer, a mesa era um compensado fino que nós mesmos serramos para entrarem as cabeças", João Ricardo.

"Estávamos oferecendo nossas cabeças. As caras maquiadas eram para não nos reconhecerem. Era agressiva. Nós éramos agressivos. Coloque-se no meu papel, num país machista, em plena ditadura. Era agressivo por tática. Senão seriam comigo", Ney Matogrosso.

Índia - Gal Costa, 1973

O álbum trazia Gal "vestida de índia", com apenas uma tanga vermelha, colares de contas e uma saia de palha.

Na contracapa, Gal mostrava os seios.

O enquadramento da foto causou escândalo na época.

Durante o período mais repressor da ditadura, a capa foi censurada e, para evitar maiores problemas, a gravadora decidiu envolver as cópias do álbum em um saco plástico para serem comercializadas.

Eu Não Sou Santo - Bezerra da Silva, 1990.

Conhecido por falar sobre os problemas do povo oprimido, Bezerra da Silva aparece na capa de "Eu Não Sou Santo" como um jesus negro crucificado, com uma arma em cada mão.

A foto foi feita por Wilton Montenegro, que explica de onde surgiu a ideia:

"No dia de fazer a foto, saiu no jornal a história de um ladrão que tinha sido crucificado em um morro no Rio de Janeiro. Sugeri fazer o mesmo com o Bezerra [...] com custo, ele concordou".

Todos os Olhos - Tom Zé, 1971

Uma das capas mais controversas de toda a história da música brasileira, até hoje não há a certeza se a bolinha de gude da capa estava numa boca ou num cu.

Numa entrevista recente ao "Conversa com Bial", Tom Zé admitiu que não tem certeza a respeito da história.

Reinaldo Moraes, o fotógrafo, diz que era uma boca.

Chico Andrade, que participou do design da capa, diz que era um cu.

E o mistério persiste.

Clube da Esquina - Milton Nascimento & Lo Borges, 1972

Diferente do que muita gente pensa, os dois meninos da capa não são Milton e Lo.

A foto foi feita por Carlos da Silva Assunção Filho (Cafi) ao encontrar 2 meninos que estavam na beira de uma estrada.

Só depois de 40 anos os 2 meninos foram localizados, pelo jornal "Estado de Minas". Eram José Antônio Rimes e Antônio Carlos Rosa de Oliveira, ou Tonho e Cacau.

Os dois sequer sabiam que estavam na capa de um dos álbuns mais famosos da música brasileira.

“Alguém do carro me gritou e eu sorri. Estava comendo um pedaço de pão, porque eu estava morrendo de fome, e para variar descalço. Mas nunca soube que estava na capa de um disco. A minha mãe vai ficar até emocionada. A gente nunca teve foto de quando era menino”.

Escândalo - Angela Ro Ro, 1981

Ro Ro foi a primeira cantora de MPB a se declarar publicamente lésbica. Por isso ela foi extremamente perseguida e vítima de espancamento por parte da polícia.

A imprensa se aproveitou do "escândalo" pra ganhar dinheiro.

A capa imita um jornal.

Na época, Angela foi acusada de agredir sua então namorada, Zizi Possi, e de agredir policiais. Apesar da história não fazer o menor sentido, Angela saiu com a imagem manchada.

Inspirado na história, Caetano Veloso compôs a faixa-título, "Escândalo".

Tropicália ou Panis Et Circencis, 1968

O álbum-manifesto que fez 50 anos em 2018, trazia na sua capa os artistas que fizeram parte do movimento, imitando uma fotografia de uma família de classe média brasileira, "as pessoas na sala de jantar".

Os Mutantes (Arnaldo, Rita e Sérgio) e suas guitarras, Tom Zé, Caetano Veloso (segurando uma foto de Nara Leão), Rogério Duprat com um penico, Gilberto Gil (segurando uma foto do compositor Capinam), Gal Costa e Torquato Neto.

A foto foi feita por Oliver Perroy e foi uma criação coletiva, cada um dos artistas contribuiu para que a geleia geral fosse possível, levando os seus próprios apetrechos.

O resultado lembra, propositalmente ou não, Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles.

A Tábua de Esmeralda - Jorge Ben Jor, 1974

"Tábua de Esmeralda" é o texto fundamental da alquimia e durante o álbum são feitas referências a filosofia de Hermes Trismegisto e outros alquimistas.

A capa trás símbolos alquímicos presentes na tumba de Nicolas Flamel.

Trem Azul - Elis Regina - 1982

"Trem Azul" foi o último show de Elis antes de morrer, o álbum foi lançado postumamente e incluía músicas gravadas ao vivo.

A capa traz o registro de uma das apresentações: Elis de cócoras e o palco coberto de flores.

Durante os últimos anos de vida, Elis ficou muito amiga de Rita Lee. Durante o espetáculo "Trem Azul" ela cantava algumas músicas de Rita e usava um vestido semelhante ao que Rita usou na capa do disco Lança Perfume, de 80.

Brasil Mestiço - Clara Nunes, 1980

Na foto de Wilton Montenegro, Clara aparece dançando jongo com sua mãe de santo, Vovó Maria Joana, uma das maiores referências da cultura afro-brasileira no século XX.

O jongo é uma das dança tradicionais que originou o samba.

Verde Que te Quero Rosa - Cartola, 1977

A capa do álbum surgiu por acaso, o sambista estava dando problemas para o fotógrafo contratado pela gravadora, Ivan Klinger. O prazo pra entregar o trabalho estava esgotando e Cartola estava resistente em posar para uma sessão de fotos.

Durante um encontro na casa do sambista, a sua esposa, Dona Zica, serviu café pros 2. A xícara verde, o pires cor-de-rosa: as cores da Mangueira, a escola do coração de Cartola. Kingler aproveitou para registrar o momento.

A foto sintetizou o título: “verde que te quero rosa”.

Clementina e Convidados - Clementina de Jesus, 1979

Um entre tantos trabalhos de Elifas Andreato com Clementina de Jesus, trazia na capa e na contracapa marcas de pés no barro. A ideia era sugerir a passagem de tempo.