Ando pesquisando umas coisas de inovação, de inteligência artificial, máquinas inteligentes e centralidade da informação. Muita gente fazendo previsões do que vem nessas áreas nos próximos anos. Mas uma coisa me deixa muito encucada: as relações de base não mudam, só se mecanizam
Os entusiastas desse negócio falam muito em coisas cibernéticas, robôs, automação. Mas você vai ver, muita coisa ainda tá lá. Os abismos sociais, a pobreza, a fome. Desigualdades de gênero, cidades inacessíveis. Ninguém faz projeções de como e quando se acaba com isso.
Muita gente desse meio enche a boca pra dizer "não, porque a gente tem que ter um pensamento ~disruptivo~", mas tá lá pensando na exploração do trabalho de alguém - só que em vez de ser uma pessoa, é um robô. Uma Revolução Industrial com roupa de titânio. Cadê a novidade?
Muita gente ainda não tem o que comer. Vive e trabalha em condições análogas às da Idade Média, sabe?
E os cara pensando em carro voador em 2022.
A cara da revolução muda. Mas o ciclo de privilégios se mantém. É quase tão velho quanto o surgimento do capitalismo. Cadê novidade?
E os cara pensando em carro voador em 2022.
A cara da revolução muda. Mas o ciclo de privilégios se mantém. É quase tão velho quanto o surgimento do capitalismo. Cadê novidade?
Já que você curte tanto o cibernético, parça, que tal pensar na inclusão de pessoas com deficiência, por exemplo? Nós lidamos desde sempre com as ajudas técnicas que vocês vão aprender a usar agora - braços mecânicos, comando de voz, etc
Aí os cara vem com cuidador robô
Aí os cara vem com cuidador robô
Acho que não tem nada de disruptivo no robô, na automação de atividades que ninguém quer fazer. Asimov, Orwell e Huxley tão escrevendo isso há ANOS. Não adianta tornar cibernética uma relação antiga com as coisas e pessoas. Você só vai apertar botão pra fazer as mesmas merdas.
Aqui, como o tal do big data pode ser mais um recurso pra aumentar a desigualdade:
brasil.elpais.com/brasil/2018/11…
brasil.elpais.com/brasil/2018/11…
Se a gente mecaniza até nossos erros, qual é o ganho social efetivo? Qual é a disrupção que acontece quando a gente só substitui um homem por um robô, até pra errar? Será que a perda da subjetividade é vantajosa por si só?
