Thread by @lucasmafaldo

Sei que parecerá brega, mas tenho cada vez mais certeza que só existem três fontes de felicidade verdadeira: amor, fé e esperança.

Embora essas palavras sejam tão usadas ao ponto de se tornarem banais, eu diria que são as coisas mais subvalorizadas do mundo.

É importante perceber que esses três virtudes não estão presentes em nós o tempo todo. Não estou falando de opiniões, mas de estados da alma -- estados que flutuam ao longo do dia e ao longo da vida.

O amor talvez seja o mais incompreendido desses estados. Amor não é paixão: é a convicção profunda de que alguém é admirável e que você tem o dever pessoal de fazer tudo para cuidar dele. É uma energia que muda a direção da sua vida.

E o termo "felicidade", nesse contexto, é especialmente problemático. Creio que o amor vem necessariamente com uma dose de sofrimento (mesmo quando correspondido), pois ele vem acompanhado da percepção da própria limitação: você quer oferecer tudo para aquela pessoa, mas...

... percebe imediatamente que não pode fazê-lo. Você quer dar a felicidade eterna para alguém, mas só é capaz de oferecer um pouquinho de alegria terrena -- risadas, carinho, apoio, companhia. Mas nossa alma possui esse aspecto paradoxal: apesar de ser pouco, esse se dar ao...

... outro nos permite ter uma satisfação muito mais profunda do que nas vitórias puramente pessoais.

Se bem que já vou me corrigindo: esperança e fé são também incompreendidas. Como se entra aí no domínio da "religião" (um termo muito problemático, aliás, que une coisas totalmente diferentes), as pessoas começam a achar que estamos falando de "crenças", no sentido de...

... "convicções subjetivas sem provas" ou até "convicções irracionais".

Porém, esses estados vão bem além disso. Eu diria que são estados subjetivos "supra-racionais", pois eles nem seguem nem contradizem a razão.

A esperança é, em certo sentido, uma tranquilidade em relação ao futuro. É a expectativa de que o bem vencerá em sentido amplo. A falta de esperança é trágica: ela faz com que sintamos que tudo é vão, que o mal vencerá. É por isso que "desesperador" é uma palavra tão forte.

Sem esperança não dá para se levantar da cama e, paradoxalmente, nem dá para adormecer. Até mesmo relaxar e dormir requer uma dose de esperança: a de que a vida continuará, de algum modo, além da nossa própria consciência, além das nossas forças.

Mesmo quem pratica uma religião se vê desprovido de esperança em alguns momentos. De novo: não é uma questão de crença. É um estado de espírito.

Todos esses aspectos da vida possuem uma dimensão muito mais profunda do que as suas imagens que são difundidas no senso comum.

Quanto mais penso sobre essas coisas, mais claramente percebo o quanto ainda preciso caminhar para entender um pedacinho disso tudo.