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Um tripé de meio-campo com Cuéllar, Diego e De Arrascaeta a partir de um 4-1-4-1 é possível? Sim, claro; há muitas formas de jogar. Mas é sustentável, é competitivo? A médio prazo, com menos tempo de recuperação e contra adversários mais qualificados, provavelmente não. Por quê?
O futebol é permeado por escolhas e a formação com Diego e Arrascaeta - por dentro -, como uma escolha, implica bônus, mas também ônus. Partindo desse pressuposto, resolvi registrar alguns apontamentos sobre isso na THREAD abaixo.
📌Diego como interior

No 4-1-4-1 de uma equipe como o Flamengo, o meia-interior normalmente¹ é designado para ocupar um dos corredores centrais (esquerdo ou direito) da própria área à área adversária...

¹ pode variar de acordo com os papéis que o técnico outorga à cada jogador
... e isso exige, naturalmente, capacidade física para desempenhar bem as funções defensivas e ofensivas. Não é raro, por exemplo, se a equipe também defende em 4-1-4-1, como o Flamengo, ser papel do interior, auxiliar lateral e ponta à impedirem triangulações rivais pelos lados,
... ou mesmo, recuar e ocupar a entrada da própria área, formando uma segunda linha para proteger o "funil" (zona de remate da última linha de defesa até aproximadamente a meia-lua).

Diego, aos 34 anos, já não tem capacidade física regular para ir de área à área. (+)
No ano passado (2018), era comum a equipe adaptar sua transição defensiva (momento da perda da posse, seguida ou não por pressão e/ou recomposição e/ou falta tática) para roubar a bola acima, para que o camisa 10 não precisasse recompor até a entrada da própria área. +
Outra alternativa utilizada era a defesa em 4-4-2, com Diego assumindo o papel de marcar os primeiros passes da construção rival junto ao centro-avante, sem voltar até o fim, e Paquetá compensando-o, auxiliando Cuéllar e "emprestando" sua capacidade física em prol da equipe.
📌De Arrascaeta

Arrascaeta não tem os mesmos atributos defensivos do Paquetá. Na verdade, Giorgian é um meia (atacante) de estilo distinto e um tanto mais especializado (papeis mais definidos, até pela idade) que o do ex-jogador formado na base, que cumpria inúmeras funções.
De Arrascaeta, quando por dentro, é um típico meia-atacante; objetivo, vertical, de tabelas curtas e passes progressivos e de ruptura, partindo do entrelinhas ou de frente para a entrada da área rival. Ele tenta, arrisca e acerta; mas também erra e perde a posse da bola.
Pelas características do camisa 14, é muito produtivo para a equipe ativá-lo mais à frente. Tê-lo em condições de receber e acelerar próximo à área rival, onde é criativo e pode levar perigo. Afinal, pelo centro, é um meia-atacante: recebe, gira, cria e é agressivo. +
De Arrascaeta, nesse sentido, não é propriamente um armador, embora também possa auxiliar na construção. Ao invés de controlar o ritmo da posse mais atrás, Giorgian acelera já perto do gol. Não é a dele participar da saída, armar de frente. Ele é melhor recebendo já à frente.
O uruguaio, hoje, não me parece um interior para o 4-1-4-1. Não é um típico armador, para oferecer contínuos apoios médios no setor da bola, por exemplo. É o cara da tabela rápida. Além disso, não é a dele voltar até a entrada da área - por dentro - para proteger o "funil".
📌Fisicalidade do meio com Cuéllar, Diego e De Arrascaeta

Para ter a posse da bola, hora ou outra, é preciso recuperá-la e disputar com o rival para tê-la sobre seu domínio. Com Diego e De Arrascaeta pelo centro, o Flamengo não manteria boa capacidade de recuperação no setor. +
Cuéllar acabaria sobrecarregado e ante equipes mais qualificadas, ter apenas os lados como opções mais viáveis de recuperação pode ser muito problemático.

Além disso, com De Arrascaeta, pela sua já supracitada característica de arriscar (o que é bom), teríamos naturalmente (+)
(+) mais perdas de bola, com reflexo imediato no aumento do número de transições defensivas (comportamentos ativados ao perder a posse). Para lidar com mais transições, mais situações de "bate e volta", além de posicionamento adequado, é recomendado mais capacidade física...
... o que esse tripé, com Cuéllar, Diego e De Arrascaeta, não oferece. Provavelmente, perderíamos competitividade, ficaríamos menos do que o desejado em posse da bola e, por conseguinte, teríamos que defender por períodos mais longos.
📌Arrascaeta precisa ter sequência no time principal

Existem muitas alternativas para tê-lo no time. As que mais gosto, são com Giorgian partindo da esquerda, como ponta de pé invertido, para criar próximo à área; ou, com o camisa 14 como "1", num 4-3-1-2, com 3 meias mais...
físicos por trás p/ permitir que ele arrisque, mas que o time lide bem c/ transições.

Essa THREAD não considera tudo. Nem seria possível. Mas foi uma forma de registrar alguns apontamentos que considero importantes. Quero Arrascaeta titular, mas respeitando suas características.
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