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Sobre os vazamentos de hoje: de fato, alguns procuradores da Lava Jato caíram na hubris de achar que sua batalha moral anti-corrupção poderia realmente mudar o mundo. A preocupação com a Venezuela era de, literalmente, gerar uma inssurreição.
Se isso não tem maiores consequências processuais, revela, no entanto, como a certeza das próprias convicções, combinada com uma impressionante ingenuidade sobre as complexidades do mundo real, podem gerar efeitos negativos.
As conquistas da Lava Jato cegaram alguns servidores públicos das suas próprias limitações, do seu papel institucional e do que poderiam ou não fazer. Mesmo que não houvesse ilícito, seria errado tentar influenciar os rumos políticos de um país em situação tão catastrófica.
Dito isso, e pelo que li, discordo da opção editorial de afirmar que Moro sugeriu o *vazamento* de dados sigilosos. O que a conversa revelou é que ele sugeriu que se levantasse o sigilo da delação — o que é coisa diferente.
Deltan, aliás, respondeu dizendo que não poderia fazer isso por conta dos termos do acordo. Se fosse vazamento - que pressupõe um caráter extra-oficial - isso não seria uma preocupação.
Levantar o sigilo implica em decisão oficial de publicizar tudo. Isso indica uma preocupação política do Sérgio Moro, mas não indica que ele pretendesse vazar ilegalmente as conversas. Seja como for, vamos vendo cada vez mais provas do messianismo da Lava Jato.
