@MichelTemer confirmou mesmo, no @rodaviva, que foi Golpe?
A deputada @JanainaDoBrasil confirmou mesmo que as pedaladas foram só uma desculpa?
Esta é uma briga de narrativas políticas. No fio, minha leitura.
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Golpe, no sentido ‘golpe do vigário’, trapaça, é uma expressão popular.
Golpe de Estado é um conceito de ciência política.
Não são a mesma coisa.
1. É dado por uma instituição de dentro do Estado. O presidente — Getúlio em 38, Fujimori; as Forças Armadas; e, sim, pode ser o Parlamento.
2. É caracterizado por um rompimento da Constituição. A lei é quebrada para mudar o poder.
Sim, o Parlamento pode dar um Golpe.
Mas a Constituição não foi rompida. O impeachment é previsto na Carta, o crime do qual se acusou Dilma é passível de impeachment, a lei determina que os senadores são os juízes. Se eles condenam, condenado está.
Sim, disse.
Eu havia chamado de crime de responsabilidade fiscal. O nome é responsabilidade orçamentária.
No vídeo:
O texto é esse: planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS…
O crime está definido. Os senadores são os juízes. A interpretação que vale é a deles. É o que diz a lei.
Não. Falou que só dá para chamar de Golpe se partir do princípio que a Constituição prevê Golpe. Ele é muito claro a respeito do que pensa, não importa como trechos cortados espertamente possam parecer
Vejam:
Ah... Mas a deputada @JanainaDoBrasil falou que as pedaladas eram só uma desculpa.
Não é uma fraude?
Neste tweet:
Minha opinião é de que as pedaladas foram realmente só uma desculpa para fazer o impeachment. Previstas por lei? Sim. Mas não foi por isso que Dilma sofreu o impeachment.
Houve duas razões concretas para o impedimento.
2. Muitos políticos se aproveitaram do clima para afastá-la e, assim, tentar segurar a Lava Jato. O acordão do Jucá.
Não. Foi legal. Imoral? Pode ser, sim. Usaram uma desculpa quando os objetivos eram outros. Mas foi legal.
Pode ter sido um golpe metafórico, no sentido de trapaça.
Mas não cabe na definição clássica de Golpe de Estado.
Alguns lançam mão de Golpe Parlamentar. Não é, a Constituição foi respeitada.
Outros trazem conceitos mais recentes. Soft coup. White coup. Estes não são, ainda, conceitos estabelecidos na ciência política.
Querem redefinir o conceito de Golpe porque consideram que o mundo está mudando. Ações políticas violentas que não quebram a Constituição começam a ficar comuns.
Fazem, aliás, parte deste período autoritário que vivemos.
De minha parte, eu gosto de outro conceito, igualmente novo, mas que explica o impeachment e explica muitos outros movimentos, sem suavizar o termo Golpe.
É também como Steven Levitsky, autor de Como as Democracias Morrem, define o impeachment de Dilma.
Boris Johnson acaba de fechar o Parlamento Britânico por três semanas para impedir a discussão sobre o Brexit. Ele podia. Mas jogo sujo. Hardball.
É um tipo de jogo político cada vez mais comum.
Não é preciso reinventar o conceito de Golpe de Estado e, ao mesmo tempo, insere o movimento no tipo de ameaça que existe hoje às democracias.
Fui. E estava errado. Tinha, na minha memória de cara pintada, o exemplo de 1992. O impeachment pacificou o país conturbado.
Sigo achando que o governo Dilma foi um desastre. Que a campanha de 2014 pôs fogo no país. Mas o impeachment acirrou o conflito. Um conflito que @jairbolsonaro faz questão de piorar mais.
Sabe por quê?
Por causa do menino que grita ‘lobo’.
No dia em que o lobo vier de verdade, e o menino gritar, vão dizer que é exagero.
Não. Acho que não há espaço.
Mas o novo presidente é autoritário e não acredita em democracia.
Prefiro preservar a força da expressão.
Para aqueles momentos em que Golpe é Golpe mesmo. Daqueles antigos.