Por 322 a 306, o Parlamento britânico aprovou uma emenda à Lei Benn - emenda proposta pelo deputado conservador Sir Oliver Letwin - que obriga o governo de Boris Johnson a pedir à União Europeia a extensão do prazo de saída, mesmo com o acordo negociado.
Foi uma reação à negociação de Johnson com representantes da União Europeia por parte de deputados de diferentes partidos que são contra a saída (os remainers).
A aprovação da emenda apenas ratificou a posição dos deputados remainers, que não querem aprovar um acordo; querem, sim, novo referendo porque sonham com votação que mantenha o Reino Unido na U. Europeia. Para eles, o povo só está certo quando ratifica aquilo que eles querem.
A decisão do Parlamento tem efeitos práticos profundamente negativos: 1) viola a decisão popular, pois a maioria votou pela saída; 2) fragiliza a representatividade, elemento fundamental da democracia inglesa;
3) ao rejeitar pela quarta vez um acordo, quebra a relação de confiança com a sociedade e com a União Europeia; 4) prolonga o processo de saída e aumenta a incerteza sobre o que vai acontecer.
Durante a sessão no Parlamento, o primeiro-ministro afirmou que não pedirá a extensão do prazo. Inclusive, quando da aceitação do acordo com Johnson, representantes da União Europeia disseram que não fazia mais sentido novo pedido de prorrogação.
Será, portanto, um longo fim de semana na sede do governo para que Boris Johnson e sua equipe encontrem uma saída jurídica para manter a decisão de sair no dia 31 de outubro. Segunda-feira será mais um dia decisivo.
Ao contrário do que você lerá e ouvirá por aí, o maior perdedor da decisão de hoje do Parlamento não foi Boris Johnson, mas a sociedade e a democracia britânicas.
