Uma das dificuldades de comunicar políticas públicas baseadas em evidências é que a resposta é, muitas vezes, "depende". Ideólogos trazem respostas definitivas, mas o mundo é feito de nuances.
Exemplo: debate sobre o SALÁRIO MÍNIMO. Segue o fio. 🧶
Exemplo: debate sobre o SALÁRIO MÍNIMO. Segue o fio. 🧶
Marxistas ortodoxos vêem qualquer aumento de produtividade como aumento de mais-valia (ver diagrama). Nesse aspecto, uma imposição de salários maiores significa uma imposição de custos maiores e menor mais-valia. Por isso, aumentar SM seria quase sempre bom. 
Do outro lado, liberais têm na sua cabeça o modelo do equilíbrio parcial de um mercado competitivo. Se o SM está acima do equilíbrio de mercado, há necessariamente mais oferta de trabalho do que demanda - e a consequência é o desemprego (ver diagrama).
No mundo real, a resposta depende do poder de barganha e nível de monopsônio (monopólio pela parte do empregador) de um mercado. Com poder de mercado, o salário é menor do q o de equilíbrio e um SM modestamente maior pode aumentar tanto número de empregos qto salários (diagrama).
Nos últimos anos, o consenso econômico mudou. Hoje, existe a percepção de que aumentos pequenos no salário mínimo não aumentam o desemprego significativamente em termos líquidos e aumentam salários (embora alguns grupos, como jovens, percam seus empregos).
Mas é importante entender q essa relação não é linear ou eterna. Aumentar o salário mínimo pra R$4000, como quer o PCO, geraria desemprego ou informalidade em massa. Idealmente, essa política deveria ser regional, para incorporar variações nas rendas médias e custo de vida local.
No mundo real, a resposta pra essa pergunta é sempre: depende. Depende das condições de competição do mercado específico, depende do nível atual do salário mínimo, depende do crescimento da produtividade. Ela pode ser difícil de comunicar, é mais próxima da realidade.
