O @SamuelSilvaFB postou um desabafo hoje aqui sobre pesquisa, militância, comunicação e tempo e se encaixa com uma angústia profunda que sinto.
A gente que é pesquisador tem um trabalho de comunicação diferente de outros comunicadores (digo diferente e não melhor ok?). +
A gente que é pesquisador tem um trabalho de comunicação diferente de outros comunicadores (digo diferente e não melhor ok?). +
Nosso material normalmente passa por muito mais trabalho invisível, trabalho que não se vê num vídeo de 10 minutos. Tem muita leitura por trás. Pra quem é pesquisador-militante, tem práxis por trás. Muitas vezes tem formulação original por trás, do tipo que toma muita energia.+
Várias dessas formulações originais precisam ir pra artigos, livros e congressos, mas na ânsia de disseminar conhecimento e auxiliar a esquerda, a gente vai e solta logo. A gente acha isso importante. Mas muitas vezes pessoas não enxergam a labuta por trás disso.+
Pegam o que a gente fala - e queremos que façam isso - mas tratam como se fôssemos apenas apresentadores de conhecimento e que isso vem fácil. Isso quando não ocorre de usarem formulações sem citar por aí, o que é bem chato. Afinal, falar que "ouvi isso de Fulana" não custa nada+
Eu já tive o desprazer de ver conteúdo de curso e palestra minha na boca de outra pessoa numa entrevista sem referência direta a mim e a pessoa ser tratada com "olha que coisa genial que ela disse" quando ela mesmo reconhece que pegou de mim, pediu desculpas e prometeu citar+
E a gente que fica de chata na história, mas é que... TEMPO. Nós sacrificamos muito tempo pra pesquisar a fundo temas variados, quando na academia a gente poderia somente especializar, pra produzir formulações e levar diretamente às pessoas. E esse tempo não volta.+
Então meu desabafo é só um pedido de cuidado carinhoso mesmo, que não é sobre usar ABNT no dia a dia, mas lembrar que o que "fulano diz" muitas vezes significa dezenas ou centenas de horas de pesquisa, então é legal reconhecer de onde veio aquela discussão, até porque nós +
Sempre reconhecemos nossas leituras e referências quando falamos. Eu mesma sou super cuidadosa com isso nos vídeos. Vocês me veem falando "eu tava conversando com fulano" pra referenciar até debate do dia a dia que me lembrou de algo, nem precisa ser formulação.+
Eu tento fazer isso ao máximo (e se em algum momento falho, faço de tudo pra consertar), porque no fundo é uma comunidade de conhecimento. Ninguém aqui inventa a roda sozinho, mas a gente se apropria coletivamente de ferramentas. Só parece justo se apropriar com reconhecimento +
Por fim, obrigada a todo mundo que leva nossas formulações mais longe compartilhando, citando, indicando... E é lindo ver vídeos do YouTube preparados com tanto cuidado sendo usados em sala de aula ou citados academicamente em trabalhos. É prova da ponte que tentamos construir :)
(Eu sempre fico na dúvida sobre postar desabafos no Twitter, porque tem sempre quem force uma interpretação distorcida pra causar ou se aproveita disso pra atacar a gente porque já possui ranço de outros momentos. Mas já era 😂 vou focar nas pessoas compreensíveis 💛)
