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Começam os Estaduais e, em tempos de futebol globalizado, é hora de enterrar uma antiga falácia: NÃO EXISTEM NEM NUNCA EXISTIRAM 12 GRANDES. Siga para entender.
Pra começar, uma pequena história: o futebol brasileiro tem como base histórica os Estaduais. O futebol nacionalizado como é hoje nasceu na década de 60, mas só floresceu nos anos 2000. Até então, os Estaduais eram muito fortes. Daí a falácia dos “12 grandes”.
Vamos lembrar que antes de 59 não havia Brasileirão nem nada similar. Os times eram grandes em seus estados. Enormes, gigantes. Nenhum era de fato grande nacional. Claro, sempre houve o suporte da mídia - razão do futebol do Rio ganhou simpatizantes em todo o país (SP + tarde).
Em 1959, assumindo que Rio e SP sempre foram centro, nasce a Taça Brasil. A seleção tinha peças dos dois estados e um ou outro “importado”. Olhando aquele cenário, nem RS ou MG tinham “grandes”; estes eram de Rio ou SP.
O Sport já havia ganho o Leão do Remo, o América era Deca em MG enquanto o Cruzeiro engatinhava, o Inter teve o rolo compressor, a dupla Atletiba se alternava com o Ferroviário e todos os clubes Brasil afora ficavam a margem das atenções.
Mas chegou 59. E o primeiro campeão nacional não foi nenhum clube citado pela falácia dos “12 Grandes”; foi o Bahia. Veio de Salvador, fora o eixo, o primeiro clube campeão brasileiro.
Assim sendo, se fossemos olhar os grandes da época, eles certamente se restringiriam aos clubes do Rio, de SP e ao Bahia. Diga-se: Fla, Flu, Vasco, Bota e América, com Palmeiras, Santos, Corinthians, Portuguesa e São Paulo. Eram 11. Não todos competitivos.
Nos anos que se seguiram, o Nordeste continuou forte, mas não “copou” mais. Nautico e Fortaleza foram vice da Taça BR. O Botafogo rivalizou por pouco tempo com Santos e Palmeiras. E surgiu o Cruzeiro, até então o 3º de Minas, renascido pós-Mineirao.
Entretanto, foram anos de soberania do Santos, seca do Corinthians e construção do São Paulo, que erguia o Morumbi. O futebol do Rio era mais forte. No Sul, havia uma clara ordem: gaúchos > paranaenses > catarinenses. Grêmio ou Inter avançavam pras fases finais da Taça.
Grandes então eram o Santos, o Palmeiras e o Botafogo. O Flamengo já era um fenômeno de massa; o Corinthians ainda não. Construía sua saga com a dor do jejum. E vieram o Robertão e os anos 70.
Nos 70, o Galo ganhou seu único nacional, mas não estabeleceu ali sua grandeza. Ela veio com as inúmeras semifinais até meados dos anos 80, antes de entrar numa seca. O Coritiba era o grande do Parana, campeão do Povo e hexa Estadual. O Santos caía, mas o Palmeiras seguia.
Então o Fluminense havia ganha o Robertão, mas só fez mais uma boa campanha nacional. O Botafogo sumiu, bem como o Bahia. Nasceu o grande Inter, o primeiro soberano no futebol brasileiro. O Fla seguia só massa. Os Estaduais ainda valiam muito.
A Placar estampava os campeões de Norte a Sul: Ceará e Fortaleza, Remo e Paysandu, Sport e Santa, Atlético e Coritiba, Galo e Cruzeiro, Grenal. todos foram se agigantando em casa. O mesmo para Rio e SP. Nacionalmente, os anos 80 chegaram e começaram a preparar o terreno pra hj.
A invasão do Maracanã e o fim do Jejum em 77 fizeram muito pelo Corinthians, mas título nacional mesmo só em 90, depois de Guarani, Coritiba, Sport e Bahia. Aliás, num tempo em que o dinheiro valia menos, o Bugre foi gigante, com título, vices e varias semifinais.
O Flamengo floresceu sua grandeza nos anos 80. O time de Zico marcou época. O São Paulo, que já havia ganho título nos anos 70, já tinha o Morumbi e começava um reinado com auge em 90-2000. E o Grêmio conseguiria três títulos que finalmente o colocariam no patamar do Inter no BR.
Reparem que nenhum grupo é constante entre os grandes; a essa altura, o Palmeiras amargava uma seca, assim como o Santos. Viviam do passado. O América minguava, a Lusa ainda brigava. O Atlético teve seu primeiro brilho nacional em 83, depois sumiu. Sempre foram brigas restritas.
Aí vem 87 e o nascimento do conceito dos “12 grandes”, da cabeça de Carlos Miguel Aidar e com todo o amparo de mídia dado à Copa União. Ali nasce a falácia e o protecionismo ao status quo. Falava-se em 12, mas havia o Bahia no C13. Convidaram Coxa, Santa e Goiás pra fechar tabela
Ao restringir o grupo, mataram o América-RJ e iniciaram a desconstrução da Lusa. Oprimiram Guarani, Sport, Atlético, Nautico e outros que já haviam escrito páginas importantes no futebol brasileiro. Os demais então, coitados, mal existiam.
Ali também nasce o protecionismo a Fluminense e Grêmio nos rebaixamentos nos anos 90. Nasce o sucateamento do interior do Brasil como mercado e produto de futebol. Bahia e Botafogo tbm experimentaram dessa proteção.
Chega os anos 2000 e floresce a grandeza do Atlético. O Futebol do Rio perde espaço pra o de SP. O Galo cai, o Grêmio tb, mas é o rebaixamento do Palmeiras que enterra a era do protecionismo. De novo, não existem 12 grandes; são mais, 17, ou menos, apenas os que competem.
Atualmente, é possível dizer que um grupo muito restrito de clubes são grandes no futebol brasileiro. Qtos irão competir pela Taça neste ano? Seis? Sete? Palmeiras e Fla acima, SPFC na cola, Corinthians, Grêmio e Cruzeiro atrás. Com otimismo, Galo, Athletico e Inter. Quem mais?
Onde estão os 12? Nunca existiram. Uma falácia. Porém, os Estaduais mantém a grandeza. Uma Taça Guanabara aqui, um título em Pernambuco ali e há festa. Que é o que basta para o torcedor. Só que a grandeza nacional agora vale mais. E é restrita aqui, como já é fora há muito.
Peço desculpas por alguns erros de português/concordância. Fui escrevendo no celular e publicando.
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