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Entender as denúncias de doutrinação esquerdista em sala de aula é entender parte da lógica das guerras culturais da direita ideológica: não é que estão preocupados e querem acabar com esse problema. Eles *precisam* disso para se posicionar e instigar o confronto.
A lógica disso é transformar não-problemas (assuntos que as pessoas, embora discordem, não se interessam) em problemas graves, mantendo o clima de confronto e ganhando adeptos na estratégia do confronto permanente (o que explica não termos saído do clima de eleição).
O ponto é que a direita ideológica cresceu e chegou ao poder sem ter algo para colocar no lugar. Eles não são liberais (embora usem pautas liberais por conveniência). Eles são, em essência, anti-esquerdistas.
Desse modo, não têm um projeto que se explique independentemente dos projetos rivais. Não é que querem diminuir o Estado, ter mais eficiência ou garantir mais liberdade: eles querem fazer coisas *diferentes da Esquerda*.
A tática da Direita na Guerra Cultural é *posicional*. Não há uma agenda autônoma independente da posição dessa agenda no confronto com a Esquerda. É por isso que a Esquerda sempre tem que estar lá. A doutrinação é só um exemplo dessa estratégia.
