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Vitória esmagadora dos conservadores sobre os trabalhistas! Na eleição realizada ontem no Reino Unido, os tories conquistaram 364 cadeiras no Parlamento contra os 203 assentos conquistados pelos trabalhistas. Para obter maioria é necessário conquistar 326 assentos.
Com robusta maioria, Boris Johnson permanecerá no cargo de primeiro-ministro para levar adiante o Brexit e desenvolver a sua agenda política definida no manifesto do partido lançado em novembro. Ele já foi, inclusive, visitar a rainha Elizabeth II para ser confirmado no cargo.
Foi o melhor resultado dos tories desde a eleição de 1987 quando, liderados por Margaret Thatcher, conquistaram 376 assentos contra os 229 dos trabalhistas, liderados à época por Neill Kinnock. Foi o pior resultado dos labours desde 1935, quando elegeram 154 contra 387 tories.
Na eleição de ontem, os conservadores conseguiram aumentar em 66 o número de parlamentares eleitos; os trabalhistas perderam 42 assentos. Os liberais-democratas também saíram menores da eleição: perderam 11 assentos e agora terão 11 representantes.
Além dos tories, o segundo grande vencedor foi o Partido Nacionalista Escocês (SNP), que conquistou 13 assentos a mais e terá 48 representantes. O SNP, que é social-democrata, poderá ser pedra no sapato dos conservadores e insuflar o desejo pela independência da Escócia.
Os dois grandes perdedores da eleição foram Jeremy Corbyn, líder dos trabahistas, e Nigel Farage, do partido Brexit. Corbyn foi responsável direto pela derrota do partido, inclusive em distritos que não elegiam tories desde a primeira metade do século passado.
Era esperado que ele renunciasse hoje à liderança do partido Trabalhista, mas a decisão foi jogada para 2020 e sua renúncia vai depender do que acontecer nas próximas semanas.
Personagem essencial do Brexit, Farage não conseguiu fazer com que o seu partido elegesse um mísero candidato. Pior, tirou votos de conservadores em distritos (como Houghton & Sunderland South) que poderiam garantir mais assentos para os tories.
A minha impressão é que a posição de Farage e de seu partido a favor do Brexit, mas sem apoiar Johnson, confundiu a maioria dos eleitores que não viu sentido num partido de uma causa só que poderia atrapalhar a vitória conservadora e, portanto, colocar em causa o Brexit.
Ao decidir não atacar os tories publicamente, mas também não apoiá-los, Farage fez movimento equivocado. Teria sido estratégia mais inteligente se tivesse lançado candidatos pelo partido Conservador para ter no Parlamento defensores aguerridos de um “clean Brexit”.
Agora, sem relevância na política formal do país, não sei mesmo se a sua voz terá peso para influenciar positivamente o processo de saída.
É um erro achar que a eleição de ontem se resumiu ao Brexit. Era para escolher o Brexit e Johnson, mas também evitar a ascensão de Corbyn, marxista que prometeu reestatizar empresas, convocar 2º referendo do Brexit e, portanto, colocar o R. Unido no caminho para a servidão.
A eleição de B. Johnson é a primeira e importante conquista de uma guerra política cuja vitória final exige finalizar o Brexit e lidar com as suas consequências. Será a superação desse gigantesco desafio que poderá colocar o seu nome no panteão dos grandes estadistas britânicos.
Repito o que escrevi logo após Johnson assumir o governo: para ele, em termos de desafio político, o Brexit será o equivalente ao que a Segunda Guerra foi para Winston Churchill, que está no panteão dos grandes junto com William Pitt the Younger, Disraeli, Thatcher.
Para o governo Bolsonaro e para empresas brasileiras, a vitória de Johnson abre uma imensa janela de oportunidade. Considerando que a saída completa ainda vai levar um tempo e o Mercosul avança com a negociação com a União Europeia,...
A vitória de Johnson abre uma imensa janela de oportunidade para o governo Bolsonaro e para empresas brasileiras. Considerando que a saída completa ainda vai levar um tempo e o Mercosul avança com a negociação com a União Europeia,...
nesse prazo o próprio Mercosul poderá iniciar negociações com o Reino Unido. E na hipótese (mera hipótese) de o Brasil sair do Mercosul, poderemos negociar diretamente.
Você que me acompanha sabe que, talvez eu tenha sido o único, a mostrar e explicar a bem-sucedida estratégia de Johnson e de sua equipe liderada pelo brilhante Dominic Cummings.
Se tem um erro que cometi foi achar equivocada a expulsão dos 21 tories rebeldes que votaram contra Johnson no Parlamento. Critiquei, inclusive, a participação direta de Cummings nas conversas com esses parlamentares. Mudei de ideia com o desenrolar dos eventos.
Quem resumiu bem a questão ontem no Twitter foi @JGForsyth, da @spectator: aquela decisão foi fundamental para mostrar aos eleitores defensores do Brexit que Johnson não estava para brincadeiras.
Não faço previsões. Faço análise e aponto tendências. Sempre deixei clara a minha simpatia por Johnson e preferência pela vitória dos conservadores, mas ambas, simpatia e preferência, não me cegam para a realidade.
E se é certo que não gosto de me gabar por análises que faço, tendo feito um trabalho que acho que ninguém fez, peço que relevem o meu cabotinismo circunstancial diante da expressiva vitória dos tories. Como diria Boris Johnson, valeu, folks!
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