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Junho de 2013 em Natal/RN. Fui as primeiras reuniões e passeatas. Elas começaram bem antes do que em outros estados. SP usou fotos do q ocorria em Natal e o New York Times fez uma matéria sobre o movimento local. Contar pq fui da defesa até a recusa da chamada "revolta do busão".
As primeiras reuniões e passeatas foram tocadas por militantes de partidos e remanescentes do movimento que tirou a prefeita micarla em 2011. As plenariss não passavam de 50 pessoas e as passeatas não chegavam a 1000. O foco era a queda de passagem e a qualidade do transporte.
Sem os militantes dos partidos não existia organização. Eles quem tinham o know-how das plenariss, negociações, etc. Mas isso começou a incomodar os novos militantes antipartidarios até o momento que eles, mais numerosos, tolheram todo tipo de agência de gente ligada a partido.
Eles votaram proibição de camisa de partido e de bandeira. Um dos líderes deles, dito anarquista, falou que quem usasse símbolo partidário não seria protegido. A resistência a partido era tão grande q eles queriam proibir filiado de votar. Alegavam q militantes "votavam em bloco"
O "não será protegido" surtiu efeito. Diversos militantes de partidos foram agredidos, inclusive vereadores e membros históricos. Pessoas que estavam no movimento aproveitaram para atacar bandeiras do MST. Foi aí q comecei a criticar o movimento.
A polícia tb foi extremamente violenta. A mídia local apoiou a ação estabanada de policiais q moravam suas balas de borracha nos rostos dos jovens. As passeatas só cresceram depois. Mas tbm a pauta se transformava. Não era mais o ônibus, mas a corrupção, os políticos, o "sistema"
Fiquei impressionado com a alegria com que jovens quebravam prédios símbolos do executivo e do legislativo e lojas privadas. Grupos anarquistas entraram em confronto verbal com sindicalistas e depois passaram a tentar calar carros de som de sindicatos com garrafadas.
Existiam lideres, não no modo da liderança partidária dos anos 80. Mas os mais carismáticos, portadores de boa demagogia, sempre prontos a falar em horizontalismo, tinham maior poder de convencimento e conduziam teses vencedoras.
Por fim, os militantes agredidos já tinham deixado as ruas. Logo em seguida, anarquistas e membros do movimento passe livre voltaram novamente a condição de gueto. A pauta "antissistema" deles não era mais a mandava nos protestos, mas o "antissistema" contra a política.
O problema do sistema não era mais o lucro do empresário de ônibus ou do político que não olhava para o povo, mas o político sujo pela corrupção. A partir daí movimentos de direita, com apoio agora de uma mídia simpática, atacavam a corrupção como o grande mal do Br.
Na política: o germe da antipolítica estava lá desde o início. E foi por ele q a direita entrou e se fortaleceu.
Na sociedade: jovens com diploma não sabiam o q era o Brasil há 20 anos. Eles faziam parte de nova geração com acesso a coisas q seus pais não tiveram e queriam mais.
Lembro de coisas curiosas. Anarquistas aproveitaram o momento para reinvindicar ações da UFRN. Fizeram uma lista de pedidos. Depois souberam que tudo já existia na UF.
Outra foi q gente super rica do RN, reconhecida no Brasil, ia com diversos seguranças para as passeatas.
Por fim, as lojas de roupa começaram a comemorar as passeatas pq aumentavam seus faturamentos. Depois q elas ficaram pop.
Grupos de direita surgiram aos montes.
Avaliação: a recusa do sistema de representação desde o início nos protestos foi a porta de entrada para o inferno.
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