Thread by @apyus

Falei em evitarmos grupos políticos radicais, incluí o de Bolsonaro como exemplo, claro que veio eleitor de Bolsonaro dizer que ele não é radical.

Então iniciemos a “palestrinha” “Bolsonaro é radical”, por mais óbvio que soe isso.

Comecemos pelos 8 dias que restam para Bolsonaro explicar que papo é esse de “fuzilar a petralhada”.

Ele vai dizer que não estava falando sério. Porque é como este grupo costuma explicar os absurdos que defendem.
conjur.com.br/2018-set-06/bo…

Foi, por exemplo, a desculpa que ele usou somente após ser recriminado pelos próprios colegas de bancada quando defendeu que era preciso “fuzilar” os organizadores da Queermuseu.

Não foi em 1999. Foi em 2015, há quase três anos, já se falava em Bolsonaro disputar a Presidência.

Ele disse: “Espero que Dilma saia. Infartada, com câncer, de qualquer jeito”.
jornalopcao.com.br/ultimas-notici…

Essa outra ocorreu há três meses. Bolsonaro citou a Indonésia como modelo de combate ao narcotráfico. Foi Josias de Souza quem percebeu que, na verdade, pelos exemplos dados, ele fazia referência às Filipinas, onde a polícia recebeu sinal verde para matar impunemente.

Se algo do tipo é trabalhado no Brasil, com poucos telefonemas, as facções tomam as ruas como fizeram em São Paulo em 2006 e em tantas cidades que viveram greves policiais ou desativaram celulares em presídios.

Vai morrer muito policial, inocente e, principalmente, gente pobre.

Essa foi em maio. Greve dos caminhoneiros. Faltava combustível, comida, remédios, vidas em risco, animais morrendo, protestos violentos... Bolsonaro entrou em campo sugerindo que libertaria qualquer vândalo contido pelo governo Temer.

https://twitter.com/jairbolsonaro/status/1000716829164232704?s=21

Este outro exemplo ocorreu na sexta-feira. O vice de Bolsonaro dizendo que, em caso de “anarquia”, o presidente da República pode usar as Forças Armadas contra a democracia e sem qualquer respaldo na Constituição.
g1.globo.com/politica/eleic…

Então deixa eu falar claro: toda a hipótese que Mourão trabalha nessa resposta foi vista na greve dos caminhoneiros. Aquela que Bolsonaro apoiou. Pelo raciocínio do vice, o comando das Forças Armadas poderia usar o poder que tem para tomar o país para si.

E, vejam só...

Após o tweet de Bolsonaro, a greve dos caminhoneiros passou os dias seguintes sendo usadas como desculpa para uma intervenção militar.
brasil.elpais.com/brasil/2018/05…

Aliás, praticamente todos esses influenciadores mais fervorosamente bolsonaristas não esconderam o desejo na época por um golpe militar. Apenas evitaram o termo. Mas ficaram nas redes sociais incendiando os atos. Ninguém me contou. Eu vi.

E sempre faço questão de lembrar que o desejo por intervenção militar não é minoritário. Na pesquisa XP Investimento de 6 de junho, vê-se que Bolsonaro é o único presidenciável cujo eleitorado forma ampla maioria a favor de um golpe militar.

Então imaginemos o cenário:

— Bolsonaro se nega a manter qualquer diálogo com o Congresso.

— O Congresso passa a enfileirar derrotas a um governo Bolsonaro.

Essa maioria vai ficar em casa? Ou vai levar a “anarquia” às ruas salivando por um regime militar?

Eu não confio.