,
8 tweets,
2 min read
Read on Twitter
Tudo indica que, se for capturado, Battisti vai ser preso e em seguida deportado para cumprir uma dura sentença na Itália. O caso não é o simples cumprimento de uma decisão judicial, mas a culminação de uma perseguição que vai completar 40 anos.
Eu não sei qual a culpa de Battisti nos assassinatos pelos quais foi acusado e pelos quais foi condenado à revelia na Itália. Mas quem leu o processo de extradição sabe que Battisti não é, como diz o Estado italiano, um criminoso comum de quem a Itália reivindica a extradição.
O bárbaro crime pelo qual é acusado se deu no contexto da luta armada nos anos 1970. Battisti reconhece o envolvimento com o grupo responsável pela ação, os Proletários Armados pelo Comunismo, mas nega qualquer participação nas mortes.
As provas reunidas contra ele são muito frágeis e se baseiam em uma delação premiada oferecida no momento em que Battisti estava na França, albergado pela doutrina Miterrand (pela qual a França acolhia acusados de terrorismo que renunciassem a violência).
Tudo indica que seus ex-companheiros o acusaram arbitrariamente para ter sua pena reduzida, incriminando um inocente que estava à salvo no exterior e que, portanto, não seria prejudicado pela delação.
O julgamento de Battisti foi à revelia e realizado no contexto de leis de exceção forjadas para conter a luta armada na Itália. A maior evidência de que Battisti sofre perseguição são os desproporcionais esforços do Estado italiano em capturá-lo.
O que fundamentou sua não extradição nos momentos finais do governo Lula não foi o entendimento de que Battisti é inocente, mas apenas o reconhecimento de que é vítima de uma perseguição por parte do Estado italiano.
Esse juízo me parece acertado e sua reversão pelo governo Temer (com a concordância entusiasmada de Bolsonaro) não é uma medida neutra, técnica ou justa mas a conclusão de 40 anos de perseguição por forças de esquerda e de direita na Itália.
