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O autismo feminino em thread:
Por muitos anos a ideia de que o autismo era uma condição encontrada mais em meninos parecia ser bem fundamentada.

Só que não.

Esse número foi um CHUTE de Kanner, assim como foi um CHUTE a primeira prevalência divulgada.
1 - Kanner só tratou de casos muito específicos de autistas. (Não oralizados, com grande hipersensibilidade nos sentidos).
O primeiro grupo estudado era composto de 8 meninos e 3 meninas.
2 - Asperger, que estudou a condição ao mesmo tempo na Áustria, o fez com um grupo de 400
O grupo de Asperger também era composto em sua maioria por meninos, e, mesmo assim, Asperger escreveu sobre a condição em mulheres.
3 - A Autism Speaks foi quem popularizou a ideia do 4×1 (quatro meninos para 1 menina) e sua comunicação visual, baseada na cor azul, foi tema de diversas campanhas sobre o autismo, sendo ainda usada por muitos como "símbolo do autismo"
Bom lembrar que a Autism Speaks, uma Organização psicofóbica, demonizou o autismo por anos, e seu objetivo era fazer com que autistas parecessem menos autistas.
4 - Após estudos sobre, hoje se sabe que existe um grande número de mulheres não diagnosticadas ou diagnosticadas com outra condição, de forma equivocada. Quantas são? Difícil saber, já que os protocolos de diagnóstico foram feitos para meninos
5 - O autismo em meninas se apresenta de uma forma diferente do autismo em meninos. Claro que isso não é regra geral e podem ter autistas meninas com características mais semelhantes ao autismo "masculino" que o "feminino" e vice-versa.
6 - As principais diferenças:
Meninos costumam ter dificuldade em sentir empatia, gostam mais de livros técnicos e de ciências exatas, costumam ter interesses especiais em questões diferentes de neurotípicos da mesma idade; em crises, ficam agressivos e são piores na comunicação.
Já meninas autistas costumam ter hiper-empatia, gostam mais de ler romances e ficção, tendem para artes e comunicação, os interesses especiais são comuns de meninas neurotípicas, gostam mais de animais que objetos, crises são mais chorosas que agressivas e se comunicam melhor.
Stims dos meninos usualmente são mais ostensivos como o flapping, pular, bater palmas; stims de meninas podem se concentrar nas "mãos irriquietas", nos stims orais e em música como ecolalia.

Meninos autistas têm mais dificuldade de olhar nos olhos e imitar comportamentos.
Meninas autistas são muito observadoras e copiam com mais facilidade os comportamentos dos neurotípicos. Criam máscaras e as usam para serem aceitas, de forma natural.
9 - Mas não quer dizer que eles não tenham semelhança: os déficits na comunicação/interação social e os comportamentos repetitivos e interesses especiais são características comuns a todos os autistas. Varia na forma e na intensidade, apenas.
10- Mesmo com características semelhantes, o diagnóstico do Autismo feminino, principalmente em mulheres adultas, ainda não é comum e não será até desenvolverem um protocolo diferenciado para meninas e mulheres adultas.
Diferente da fala da Ministra, sabemos que corpos masculinos e femininos são diferentes. Cada célula do nosso corpo possui impressa o nosso cromossomo sexual. O feminismo respeita a diferença biológica, só busca equidade social!
11 - É preciso atualização de evidências científicas por parte dos especialistas e da sociedade. Não dá mais para um médico olhar para características semelhantes nos dois sexos e creditar, para um, uma condição genética (autismo) e, para outra, questões "afetivas", como é comum.
12 - A maioria das mulheres autistas que conheço passaram por um, dois, até três diagnósticos errados antes de se descobrirem autistas.

Isso é um problema grave para a saúde e desenvolvimento das meninas e, no mundo, existem diversas iniciativas para reverter isso. Não no Brasil
Autismo é uma deficiência invisível. Caso você seja leigo, pode passar muito tempo comigo sem desconfiar da condição. Mas não vou deixar de ser autista por causa disso, apenas minhas dificuldades que receberão outros nomes.

#autismo #mulheresautistas #8M
Para quem quer aprofundar no assunto:
Livro sobre a história do autismo: Neurotribes: The legacy of autism and how to think smarter about people who think differently

TedX do autor: ted.com/talks/steve_si…

Artigos sobre autismo feminino:
 ncbi.nlm.nih.gov/m/pubmed/29796…
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