Thread by @safbf

Sobre uma distorção sendo propagada aí:
1. Num mundo capitalista e desigual, a sorte de ter bolsa de estudos faz toda a diferença na vida da pessoa. Fez na vida da deputada Tabata Amaral, fez na minha vida também (10 anos de bolsas de estudo). Fez na vida de muitos amigos meus.

2. Por isso que a gente precisa lutar por educação universal, pública e gratuita. Não só mais "igualdade de oportunidades." Precisamos de um mundo com menos universidades de elite, porque não teremos elite. Um mundo em que todas as universidades sejam para todos.

3. Um mundo sem a falsa dicotomia acesso amplo x qualidade, demonstrando que a nossa prioridade para a educação passa por gestão popular e a completa rejeição pela mercadorização da educação para aqueles que tecnicamente podem pagar.

4. Falar de educação é falar sobre luta de classes. É falar que não basta só acesso, mas também enfatizarmos educação emancipadora. Precisamos valorizar educação para além de treinamento de mercado. Precisamos de pesquisas nas universidades públicas, não patentes com corporações.

5. Lógico que no contexto atual, as coisas ainda não estão assim. Então não devemos julgar pessoas pelas suas bolsas nas suas buscas pessoais. Cada um sabe a luta que tem. Mas, falando de política, nossas defesas precisam ser claras: acesso público e gratuito para todos.

6. Há muito tempo o Banco Mundial enfatiza a falsa dicotomia entre acesso e qualidade. Diz que o Brasil não tem como ter ambos, então que dê acesso de qualidade pra uma camada e facilite pro setor privado de educação para os restantes. Isso não é promover igualdade nem reparação.

7. Esse tipo de proposta incentiva a mercadorização da educação, continua a gerar fissuras entre educação privada e pública, promove a educação como um produto que deve gerar resultados específicos e segmenta as escolas em classes.

8. O modelo misto do Banco Mundial favorece corporações educacionais enriquecendo acionistas. Isso não é promoção de igualdade. Por isso precisamos ficar espertos sobre discurso de "igualdade de oportunidades." É isso que tá em jogo, não trajetórias pessoais (sofridas por sinal).