CBF pode cobrar direitos de transmissão de rádio para o Brasileiro 2020. O almoço não é grátis, sabemos. Mas por que isso empolga tanto o torcedor, que também comemorou as pauladas que Andrés Sanchez deu na imprensa sábado na Arena? Segue o raciocínio abaixo.
A imprensa esportiva brasileira tá seguindo por um caminho em que isto me parece inevitável. A produção de circo, de jornalismo da chacota e da falação esportiva como forma de motivar a audiência ganharam força. Por que? Porque dá audiência. Simples.
E por que dá audiência? Porque é EXATAMENTE ISSO QUE O PÚBLICO QUER. É uma bobagem dizer que o torcedor quer jornalismo esportivo qualificado. Ele quer se enxergar no debate. Ele quer que a opinião dele seja a opinião do jornalista.
Já vi diversos caras que me elogiavam me "largarem de mão" na primeira opinião que eu dei e era diferente daquilo que eles pensavam. Ou seja, o torcedor quer A OPINIÃO DELES.
Com isso, crescem os influenciadores (que são uma extensão do pensamento do torcedor), os oficialistas (que não vão falar mal do meu time) e o jornalismo de boteco (que fala a minha língua).
Por outro lado, a oposição a este fenômeno faz jornalismo segmentado, com uma forma inacessível, hermética e distante do grande público.
A tudo isto, junta-se uma falta de preparação dos jornalistas, um deslumbramento de outros e um inchaço da atividade, resultando numa bola de neve cuja única solução é filtrar à força ($$$) quem pode ou não cobrir futebol.
Nós somos os inimigos porque o torcedor nos enxerga sem a autoridade que a gente julga ter, como se nossa "falação" devesse ser ocupada por um deles e como se nossas críticas fossem fundamentadas por aquilo que fundamenta a deles.
E porque eles acreditam que nosso compromisso é dizer aquilo que eles querem ouvir. Não é. Mas eles perseguem isso e se não for assim, a gente não presta.
A conta vai ser zerada com esse filtro. Nós também pedimos isso. Jornalismo Esportivo é muito mais que abrir um microfone e falar o que se pensa. A gente desprendeu, a gente desencantou o público e, por fim, a gente precarizou o meio.
O meio é a mensagem, é quem emite a mensagem e quem recebe a mensagem. O futuro é dos influencers, de quem apela por audiência e de quem produz circolp. Sejam bem vindos ao que todos nós criamos. Nós e vocês. Depois, será tarde demais pra sentir saudades.
