Prestando atenção à esfera de influenciadores do Bolsanoro nos últimos meses foi possível notar uma maior radicalização do discurso. Defesas mais explícitas de violência política, golpe militar e também de regimes e políticas de segregação racial.
Vendo a composição de uma "chapa AI-5" com Mourão, que de 2015 para cá falou em golpe militar várias vezes, imagino que vão dobrar a aposta nesse tipo de discurso. A grande proposta do Bolsa é justamente a da nostalgia do militarismo, é ufanista e sentimental.
As declarações de Mourão sobre "malandragem" e "indolência" ontem, com todo o cheirinho de Integralismo e "ciência de raça", são tanto uma explicitação de um senso comum perverso quanto um aceno aos racistas. São também uma forma de aparecer na mídia.
Daqui até o primeiro turno eu imagino que essa turminha da pesada aí vai falar coisas cada vez mais abjetas, irreais e absurdas como forma de tentar manter a relevância. Diante do ultraje esperado, culparão o "politicamente correto".
O objetivo disso é tentar sugar todo o oxigênio do debate político e também aproveitar da inocência ou da estupidez da imprensa, que frequentemente descreve como "polêmica" uma declaração mentirosa - ou criminosa. "Mas elas não vão afastar potenciais eleitores?" Talvez.
Essas declarações são eficazes em obscurecer as propostas e notícias de outros candidatos. Os 15-20% do bolsonarismo são muito mais eficazes num primeiro turno onde muita gente não saiu pra votar. O objetivo deles agora é tentar manter o máximo de atenção sobre essas declarações.
Também ajuda a abaixar o nível e evita a discussão de projetos e propostas concretas. As linhas gerais do Bolsa são uma mistura de pinochetismo baseado na mentira do Milagre Chileno com uma nostalgia da Ditadura Militar.
A chapa AI-5 vai nadar na política do absurdo. Quem for prestar atenção a eles vai ter que dar conta tanto das declarações quanto da estrutura por trás delas.
Como se queria demonstrar... 
Com a diferença de que Trump teve a maioria dos seus comícios, inclusive nas primárias, transmitidos ao vivo pela CNN, que também contratou "pundits" que argumentavam em favor do Trump ao vivo todos os dias.
www1.folha.uol.com.br/colunas/pablo-…
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