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EXCLUSIVO: Procuradores combinam motim contra Raquel Dodge pelo Telegram bzfd.it/2tdQaji
Eles pretendem abandonar, coletivamente, cargos que ocupam em grupos de trabalho e representações em coordenações de grupos nos Estados na próxima segunda-feira como meio de pressionar Dodge a estabelecer gratificações por acúmulo de funções.
Através de grupos de mensagens, como o chamado Valoriza, no app Telegram, já está circulando um ofício modelo para a entrega para cargos como coordenações de grupos de trabalho e representações de câmaras nos Estados, entre outras funções que não geram remuneração adicional
A entrega destes postos seria um primeiro passo na batalha que os procuradores travam desde que o auxílio-moradia foi extinto no STF (Supremo Tribunal Federal), no fim do ano passado.
Os procuradores querem que Dodge altere uma regulamentação que trata do acúmulo de funções, garantindo um pagamento adicional para quem exerce funções além de seu ofício, tal como integrar os grupos de trabalho ou forças-tarefa, por exemplo.
De acordo com a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), a proposta de entrega de cargos foi sugerida pelos associados e, posteriormente, colocada em votação pela associação: 707 dos 1100 procuradores votaram por deixar os postos
Como se trata de uma categoria que não pode fazer greve, o cronograma também prevê “mobilizações estaduais e coleta de assinaturas para a convocação do Colégio de Procuradores da República” entre os dias 11 a 22 de fevereiro...
Por ser algo inédito dentro do Ministério Público Federal, procuradores ouvidos pelo BuzzFeed News disseram não ter ideia de quantos membros do MPF vão aderir à medida.
Hoje, a situação de Dodge não é das melhores entre seus pares. Além da pauta remuneratória, ela enfrenta dificuldades políticas internamente. Exemplo: a reunião desta sexta no Conselho Superior do Ministério Público Federal, presidido e instância máxima da instituição
Dodge propôs uma mudança estrutural no funcionamento do Ministério Público, criando ofícios-polo, que passariam a ser responsáveis por processos temáticos ou regionais, alterando o funcionamento atual das procuradorias. E encontra uma grande resistência interna
Pela proposta, os procuradores poderiam sugerir a criação de polos para tratar, por exemplo, de processos relativos a questões de cidadania, crimes financeiros, bacias hidrográficas ou até mesmo criar um grande polo nacional para o combate à corrupção, centralizando investigações
Atualmente, na organização em vigor, cada procurador responde por um determinado ofício e mantém sua independência funcional.
Em situações normais, mesmo com a grandiosidade do projeto, a PGR teria força para aprová-lo no Conselho Superior. Nesta sexta, prevendo uma derrota, Dodge esticou a sessão de debates – fazendo ela mesma uma longa fala – para evitar que a matéria fosse posta em votação.
Mas, às 13h33 de hoje, Raquel Dodge encerrou a sessão subitamente a sessão do Conselho, evitando a votação desfavorável de seu projeto. A razão alegada pela chefe da Procuradoria indignou os conselheiros.
Para encerrar sem votar, Dodge disse que ela não tinha mais condição de seguir na reunião sem almoçar.
Como a sala anexa à que a reunião do Conselho é realizada possui lanches para os procuradores, adversários de Dodge disseram que ele poderia ter encontrado uma maneira mais elegante de ter encerrado a discussão em que seria derrotada sem apelar para a fome dos presentes
O relato das disputas na PGR é do repórter @severinomotta. Vale a pena segui-lo!
