, 23 tweets, 12 min read
"Brasil e Hungria compartilham valores e visões de mundo":

✔️Não gostamos de comunismo
✔️Não gostamos do @georgesoros
✔️Não gostamos do politicamente correto
✔️Não gostamos de universidades
✔️Não gostamos de ambientalistas
✔️Não gostamos de liberdade de imprensa

Siga o fio 👉
A relação c/a 🇭🇺 sempre foi prioridade do gov Bolsonaro, que viu em Viktor Orbán um modelo bem-sucedido de autocrata nacionalista e conservador.

Em seu 3o mandato consecutivo, Orbán havia se tornado um herói da extrema-direita c/sua "democracia iliberal"

nytimes.com/2018/04/06/wor…
Orbán, que havia sido elogiado por Bannon ("o Trump antes de Trump"), foi um dos primeiros líderes com quem Bolsonaro conversou após a vitória nas eleições.

O capitão se encantou com a luta do premiê húngaro contra o comunismo, as ONGs e os imigrantes.

dn.pt/mundo/o-povo-b…
Nesse artigo, publicado em ago/2018, há uma discussão interessante sobre como Bannon começou seu projeto de uma "internacional nacionalista" justamente pela Hungria de Orbán. O grande mote dessa onda conservadora seria a "crise espiritual do Ocidente":

nytimes.com/2018/08/19/opi…
Orbán foi 1 dos 12 líderes a participar da posse de Bolsonaro - o único da 🇪🇺.

De volta a Budapeste, disse à imprensa que o 🇧🇷 é o melhor exemplo de "democracia cristã" no 🌎, modelo p/os países europeus q ainda acreditam em coexistência c/o islã.

br.sputniknews.com/europa/2019011…
No discurso de posse, o chanceler @ernestofaraujo fez uma declaração aos novos parceiros de extrema-direita:

"Quem ama, luta pelo que ama. Então nós admiramos quem luta, admiramos aqueles que lutam pela sua pátria e aqueles que se amam como povo... por isso admiramos 🇭🇺🇵🇱🇮🇱🇺🇸🇮🇹"
Alguns dias + tarde, o @ItamaratyGovBr anunciou que o 🇧🇷 sairia do Pacto Global de Migrações, documento duramente combatido pela 🇭🇺.

A Hungria ganhou destaque no site do MRE: "a convergência de posições entre 🇧🇷🇭🇺 abre espaço para uma aproximação ainda maior entre os 2 países"
De fato, nos 1os meses de governo, @BolsonaroSP e @ernestofaraujo foram a Budapeste.

Eduardo atacou o comunismo, George Soros e o "politicamente correto". Disse que o 🇧🇷 tem a aprender c/a 🇭🇺 como o Orbán fez para "stop with so bad people" (na tradução, "controlar as pessoas")
Em seu Facebook, o candidato a embaixador fez um elogio a Viktor Orbán, dizendo ter aprendido muito "na área cultural, no trato com a imprensa e um pouco mais ciente de como obter sucesso na política (...) sem receio do politicamente correto".
Orgulhoso, papai @jairbolsonaro elogiou o filho, "que sempre ajudou a resgatar a confiança do 🇧🇷 mundo afora" (Eduardo tinha sido eleito presidente da Comissão havia menos de 2 meses).

Para o grande público, enfatizou a experiência "liberal" da Hungria, ignorando todo o resto.
A 🇭🇺 de Orbán é o modelo do que o clã Bolsonaro quer fazer com o Brasil. Alguns elementos chamam a atenção:

1) O combate ao comunismo (que, ao contrário do 🇧🇷, realmente existiu). Mas há apropriação seletiva do "inimigo comunista", inclusive na economia:

reuters.com/article/uk-hun…
2) O combate ao "globalismo", na figura de Soros.

Na prática, tanto cá quanto lá, estamos falando de censura, ameaça à liberdade acadêmica e de pensamento e perseguição à sociedade civil organizada. Soros se transformou no "inimigo externo" de Orbán:

theguardian.com/world/2017/jun…
Um efeito devastador da briga entre Orbán e Soros foi o cerceamento jurídico da 🇭🇺 à Central European University, então sediada em Budapeste.

Uma das melhores universidades europeias, a CEU foi obrigada a transferir-se para Viena p/continuar funcionando.

theatlantic.com/magazine/archi…
3) O combate à "ideologia de gênero" nas escolas.

Orbán baniu qualquer estudo sobre gênero do país. O novo programa educacional 🇭🇺 sustenta, ainda, que homens e mulheres possuem aptidões intelectuais e físicas diferentes e que sexo s/casamento é pecado.

cartacapital.com.br/mundo/viktor-o…
A decisão de Orbán em banir a "ideologia de gênero", apreciada entre os ideológos olavistas e neopentecostais do governo Bolsonaro, foi elogiada publicamente pelo deputado 03.
4) O combate aos imigrantes.

Desde o início da crise migratória na 🇪🇺, em 2015, Orbán se afirmou como a principal voz europeia contra refugiados (que ele chamava de "invasores").

Chegou a construir uma cerca na fronteira - e mandou a conta p/Bruxelas.

vox.com/policy-and-pol…
5) O combate à imprensa livre.

Desde que Orbán chegou ao poder, a 🇭🇺 caiu 50 posições no ranking de liberdade de imprensa do @RSF_inter.

Por meio de concessões, restrições a financiamento e perseguição a veículos, Orbán controla 90% da imprensa húngara.

pri.org/stories/2019-0…
6) O combate à própria democracia.

Antes, Orbán dizia querer construir 1 "democracia iliberal". Hoje, estamos diante de 1 projeto autoritário.

Em 2018, o Parlamento da 🇪🇺 apresentou resolução contra a 🇭🇺 pela ameaça sistemática ao "estado de direito".

economist.com/briefing/2019/…
Para garantir sua sobrevivência, líderes da onda conservadora, nacionalista (e autoritária) precisam reforçar-se mutuamente.

Por isso mesmo, parte do projeto dessa extrema-direita global é formar uma aliança diplomática, de apoio aos governos e suas pautas comuns.
Em entrevista à @ntlportinari, o chanceler 🇭🇺, @szijjartopeter, reforça a ideia de 1 frente conservadora, critica ambientalismo histérico, elogia @BolsonaroSP como grande conhecedor de pol.ext. e diz estar de "saco cheio" de países interferindo em outros:

oglobo.globo.com/mundo/estamos-…
Mas como tudo na política, nada é definitivo. Conservadores na 🇮🇹 e 🇮🇱 sofreram reveses recentes. Líderes de 🇺🇸 e 🇬🇧 vivem crises políticas. Aqui no 🇧🇷, Bolsonaro está às voltas com o @PSL_Nacional.

E nem na 🇭🇺 o futuro de Orbán estã tão garantido assim.

bloomberg.com/news/articles/…
@PSL_Nacional Logo depois que postei essa thread, o @ItamaratyGovBr publicou o comunicado conjunto entre @szijjartopeter e @ernestofaraujo.

4 dos 16 pontos do documento são "metapolíticos", isto é, dedicados a questões identitárias - anteriores, portanto, à política, mas constitutiva dela.
O que + chamou minha atenção foi o lançamento de um conceito essencialmente novo - o de "identidade nacional como direito humano fundamental".

Que eu saiba, não há nenhuma referência a isso no direito internacional. Ou há, @elainisilva @jnascim @MrWagnerCabral @onululu @MRatton?
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