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ISA
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[Índios na ditadura - a thread]

O golpe militar completa hoje 55 anos. As páginas dessa história são manchadas de sangue indígena. Nesse período, mais de 8,3 mil índios, de pelo menos 10 etnias, foram mortos pelo governo ou vítimas da sua omissão. #DitaduraNãoSeComemora!
A Comissão Nacional da Verdade, que investigou os crimes da Ditadura Militar, estima que 8.350 indígenas foram mortos pelo Estado ou por sua omissão. Mas esse número pode ser ainda maior.

📸 Guarda Rural Indígena: treinados para realizar repressão nas aldeias. | Funai
A ditadura não escolheu etnia na hora de executar. Foram pelo menos 1.180 Tapayuna, 118 Parakanã, 72 Araweté, mais de 14 Arara, 176 Panará, 2.650 Waimi Atroari, 3.500 Cinta Larga, 192 Xetá, mais de 354 Yanomami, 85 Xavante de Marãiwatsédé.
Estradas abertas pelo governo militar, como a Transamazônica, BR-163, BRs-174, 210 e 374, carregam sangue indígena em sua construção. Foi na abertura delas na Amazônia que aconteceram graves violações contra os povos indígenas.

📸Yanomami na BR-210 (1976). | Bruce Albert
O ex-ministro da Justiça, Jarbas Passarinho, reconheceu em 1993 que metade do povo de Catrimani, na Terra Indígena Yanomami (RR/AM), morreu por doenças na construção da rodovia Perimetral Norte - que depois foi abandonada.

📖 Trecho do artigo de Passarinho.
Segundo o relatório da Comissão Nacional da Verdade, a invasão garimpeira na Terra Indígena Yanomami teve apoio de diversas instâncias do Poder Público durante a ditadura.

📸Pista de pouso do garimpo denominado Chimarrão, na região do Alto Rio Mucajaí (RR) | Charles Vincent/ISA
No Tocantins, em 1973, os indígenas Avá-Canoeiro foram capturados por órgãos do governo e expostos em uma fazenda em um quintal cercado, como se fosse um zoológico.

📸 André Toral (1981)
Testemunhas relatam que mulheres indígenas Avá foram assediadas sexualmente. Depois de dois anos, foram transferidas para a aldeia de seus inimigos históricos e, assimiladas como prisioneiras de guerra, passaram a viver em condições de submissão e marginalidade.
Os Waimiri Atroari foram massacrados durante a construção da BR-174, na década de 1970. Antes da estrada, eles somavam aproximadamente 3 mil índios. Depois da violência cometida, sobraram 350. Contamos tudo em outra thread 👉🏾 isa.to/2TMIYFB

📸 Paul Lambert
No Mato Grosso e sudeste de Rondônia, estima-se que 5 mil índios da etnia Cinta Larga morreram envenenados por alimentos com arsênico, contaminados por brinquedos com o vírus da gripe, sarampo e varíola jogados de aviões e assassinados em emboscadas.

📸 Possidônio Bastos
Na década de 1960, 30 indígenas Cinta Larga foram assassinados de forma brutal e cruel. O fato é até hoje conhecido como “Massacre do Paralelo 11”. Saiba mais: isa.to/2TI2jHR

📸 Após atirarem na cabeça de seu bebê, os assassinos cortaram a mãe ao meio. | Survival
Em nome do "futuro", no oeste do Paraná, centenas de Ava-Guarani foram expulsos de suas casas por conta do alagamento de seu território para a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Até hoje as os indígenas lutam pela retomada de suas terras.

📸 Capa do @estadao na época.
Muitas violações durante a ditadura tiveram apoio do governo federal, que incentivava a ocupação do território para a atuação de seringalistas, empresas de mineração, madeireiros e garimpeiros. Para o governo, os índios não existiam ali!
Para punir os índios, foi construída uma cadeia em Governador Valadares (MG), o “Reformatório Krenak”, onde dezenas de indígenas foram presos sem nenhum motivo, agredidos e torturados.

📸 Sede do Reformatório Krenak. | Brasil de Fato
#DitaduraNuncaMais! Confira o capítulo completo da investigação da Comissão Nacional da Verdade sobre as atrocidades cometidas contra os povos indígenas durante o regime: isa.to/2YAPHpE

📸 Guarda Rural Indígena: treinados para realizar repressão nas aldeias. | Funai
“Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça”. O relatório da Comissão Nacional da Verdade recomenda que o Estado peça desculpas aos povos indígenas pelas políticas de omissão, deslocamento forçado e genocídio - o que ainda não aconteceu.
Saiba mais sobre o livro “Os Fuzis e as Flechas: História de sangue e resistência indígena na ditadura”, de @rubensvalente, importante registro das violações contra os índios durante a ditadura: oglobo.globo.com/cultura/livros…
* Correção: o nome da etnia é Waimiri Atroari.
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