Quais são seus maiores sonhos hoje?
Restou algum daquele tempo? Algo que você não realizou e que sobreviveu ao susto da vida adulta?
Uma criança sonha dentro de mim.
Ali, me apaixonei. Demorou para me tornar torcedor de estádio, mas o Flamengo já ocupava um espaço gigantesco na minha vida.
Um Flamengo dominante, imbatível. Um time que tinha o maior craque do mundo, que conquistou o Brasil mais que todos os outros e subiu no topo do mundo ainda antes de eu nascer.
Eu sonhava.
Não só eu. A minha geração inteira.
Em 2009, depois da penúltima rodada contra o Corinthians, pulei de roupa a piscina. Fiquei quieto lá, olhando pro céu, lembrando dos meus 8 anos de idade.
Um desconhecido se abaixou, pegou a minha mão: "Levanta, cara! Eles precisam da gente!"
Vencemos aquele título juntos. Todos nós! É o título da minha geração!
Minha geração de rubro-negros viu uma quantidade razoável de títulos lindos.
Teve o plano ISL, o melhor ataque do mundo, o Hexa aos trancos e barrancos...
Vivemos uma gangorra de emoções.
Ser Flamengo é isso. É estar constantemente entre a realidade e a ficção, o céu e o inferno.
Meu irmão, a gente comeu o pão que o diabo amassou. Se hoje o Fla paga suas contas e ainda distribui dinheiro pros outros times do país, é pq a gente lutou muito.
Todos os sonhos que eu tinha aos 8 anos se foram.
Nunca pude ter uma girafa ou ser astronauta. Jogador de futebol, nem pensar.
Estamos apenas na semi-final. Falta muito, muito, muito para o título.
Mas hoje eu tenho prazer de ver o Flamengo jogar.
Isso já vale mais que tudo.
Não a liderança momentânea do Brasileiro ou a classificação na Libertadores. Não sabemos o que vai acontecer.
Desfrutem um Flamengo que dá prazer.
Desfrutem como se tivéssemos 8 anos de idade.
SRN
"Não diria nada. Daria a ela uma bola..."